Hoje de manhã, eu encontrei um passarinho morto. Não, ele não estava morto, agonizava no chão de minha cozinha. Pouco antes, eu ouvia um piar insistente e monótono, não atentei, ainda que o som parecesse vir de tão perto, ainda que parecesse haver um pássaro dentro de casa.
Saí por alguns minutos para um passeio habitual com os cachorros. Quando voltei, encontrei-o com movimentos de abrir e fechar o bico, mas sem o som de antes, deixei cair umas gotas de água para que ele bebesse. A água já não podia salvá-lo. Sobre a palma da minha mão, ele fechou suavemente os olhos.
Há outros pássaros cantando lá fora, mas ainda ouço o piar monótono, prenúncio de sua morte. Partir é canção de uma nota só.
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